Todo mundo ligado ao comércio ou ao plantio da soja conhece o nome do chinês Sheun Ming Ling . Vamos aqui relatar um pouco da sua história contada por ele mesmo:
“Cheguei ao Brasil em fevereiro de 1951 e fui recebido pela festa do carnaval. Do Rio de Janeiro vim direto para Porto Alegre, uma pequena capital. Naquela época tinha uma fábrica de óleo na cidade de Canoas, porém, estava sem funcionamento. O Diretor da fábrica era o Dr. Ildo Menguetti, na época, prefeito de Porto Alegre e posteriormente veio a ser governador do Estado. Já estava morando em Porto Alegre, o meu amigo, Dr. Chang e foi convidado para colocar a fábrica em funcionamento. Juntamente com seus amigos chineses organizou uma firma que passou a chamar-se Incobrasa e me convidou para trabalhar com ele. No começo tive problema de adaptação e pensei em voltar para a China. A minha noiva, Lydia, morava em Hong Kong e então decidiu vir para o Brasil, para que pudéssemos casar. Por isso, resolvi ficar. Em 1953 os técnicos chineses colocaram em funcionamento a fábrica de óleo, aliás, foi a primeira fábrica de extração de óleo no Brasil. Neste mesmo ano me casei e foi um bom casamento. Deu-me nova energia. A Incobrasa decidiu mandar-me para Santa Rosa, para comprar soja, uma vez que não tinha dado certo com a Firma Artmann. Adaptei-me muito bem em Santa Rosa e me senti feliz vivendo numa região de produção, no meio daquela gente simples.
Moramos sete anos em Santa Rosa e lá nasceram os nossos filhos Winston, Willian e a filha Rosa. Em 1961 a nossa família se transferiu para Porto Alegre. Nesse ano, nasceu o nosso filho mais moço, Wilson.
No primeiro ano em que comecei a trabalhar em Santa Rosa, fiz uma bonita festa de Natal para os colaboradores e operários, distribuindo presentes para suas esposas e filhos, ficaram todos surpresos pois não conheciam essa atitude dos patrões. O relacionamento com meus colaboradores sempre foi muito bom.
Em 1955, inauguramos a IGOL, uma pequena fábrica, com a participação do governador do Estado, do Presidente da Assembleia Legislativa, além de dezenas de prefeitos dos arredores de Santa Rosa e políticos do Rio Grande do Sul. Vinham nos cumprimentar, como que antevendo o grande futuro que a soja traria para Santa Rosa e para o Brasil. Nunca uma fábrica tão pequenina teve uma festa de inauguração tão grande! A fábrica começou processando sete toneladas de soja por dia. Tínhamos um funcionário administrativo e sete operários. A produção foi crescendo tão rapidamente que em 1972 chegamos a produzir cinco mil toneladas diárias e uma equipe de seis mil trabalhadores.
Nenhum adjetivo poderia qualificar melhor o Sr. Ling do que “O BATALHADOR”, no sentido de lutador, defensor ardoroso das suas ideias. Um guerreiro que venceu muitas batalhas, que nunca teve medo de tentar. Um pioneiro da soja em nossa região, no Rio Grande do Sul e no Brasil.
Essa é uma história que merece ficar guardada na memória dos santa-rosenses e também para servir de exemplo as novas gerações.
Teresa Christensen